Filho de Maria e José, Jesus de Nazaré é um carpinteiro que manufatura as cruzes em que são crucificados os judeus rebeldes à Roma. Desprezado por seu povo, mistérios o cercam desde seu nascimento. O bastão de seu pai que floriu no dia do casamento, sua incursão aos 12 anos na sinagoga em que se mostrou um sábio, as vozes que parece ouvir. Quando deixa a casa da mãe, seguindo o chamamento que lhe atormenta desde pequeno, vai para o deserto para entender quem ele é. Seu contraponto é Judas, um homenzarrão de barba e cabelos ruivos, apresentado como um guerrilheiro que espera um Messias que ponha fogo em Roma. Ele acompanha com o olhar severo cada passo de Jesus. A volta do mosteiro, os sermões e parábolas que juntam multidões, os milagres, o batismo por João Batista, a chegada de Pedro, Tiago, André, João e demais apóstolos. Por fim ele cumpre o que lhe é exigido e leva Jesus à crucificação. O combate entre corpo e alma, ou espírito e carne, ou divindade e homem é um dos pilares da obra de Nikos Kazantzákis, o maior escritor grego do século XX. Reconstruindo a trajetória de Jesus, cuja vida, mais que qualquer outra, mudou para sempre a história da humanidade, o autor leva esse conflito à consequência mais radical: Jesus viveu as angústias, dúvidas e fraquezas dos homens e teve de enfrentar, até o último instante, a grande Tentação, que seria levar uma vida comum.
Nikos Kazantzákis nasceu em 1883 na ilha de Creta, ainda sob domínio turco, e morreu na Alemanha em outubro de 1957. Estudou Direito na Universidade de Atenas e Filosofia na Universidade de Sorbonne, em Paris. Considerado o mais importante autor grego do século XX, é autor de romances como A última tentação de Cristo (1955), O Cristo Recrucificado (1954), O Capitão Michális (Liberdade ou Morte) (1953) e Testamento para El Greco (1961), entre outros. Escreveu, também, livros de viagem, ensaios filosóficos, poemas e peças de teatro. Em seu trabalho de tradução para o grego, destaca-se a Divina Comédia. Viveu boa parte de sua vida fora da Grécia. Foi, ainda, no final dos anos 1910, colaborador do governo de Eleftherios Venizelos, sendo nomeado Ministro da Previdência e Assistência Social.
Vida e proezas de Aléxis Zorbás (1946) deu origem ao filme Zorba, o Grego (1964) de Michael Cacoyannis.