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Dois jovens irmãos caminham à margem da linha do trem, deixando a casa materna, partindo em uma jornada por indeterminados bairros suburbanos em busca do pai: na singeleza do propósito, das peripécias e do percurso, o narrador e seu irmão mais velho recobram um enredo que transcende tempos e povos. No entanto, de que trata a narrativa do menino mais moço: unicamente do périplo de seu Mano, de quem acompanha os passos e registra os sentimentos em seu esforço de entregar o narrador à custódia de um pai desconhecido, ou da construção de individualidades e caminhos próprios? Como nos ensina esse narrador anônimo, as trilhas também se fazem de desvios desvios que, por sua vez, constituem caminhos por si. De Homero a Guimarães Rosa, a travessia é intrínseca ao universo épico, de tal forma que todas as grandes peripécias e grandes heróis podem se reduzir a um único e imemorial movimento a uma única e imemorial linha pontuada de acontecimentos. À margem da linha nos introduz a uma delicada épica, em que diferentes mundos e perspectivas se insinuam como que em traços abstratos para nos dar notícia de um imemorial percurso de formação e construção da identidade.
PAULO RODRIGUES nasceu em 1948, na cidade de São Paulo. Em 1977, após ganhar um concurso literário da revista Entrelinhas, publicação interna da Telesp, onde trabalhava à época, passou a se dedicar um pouco mais seriamente à escrita. Porém, sua estreia em livro ocorreria somente em 2001, com À margem da linha (CosacNaify), que lhe rendeu o prêmio APCA de autor revelação. Nos anos seguintes, o livro foi publicado em Portugal, Espanha e França. Também pela CosacNaify, publicou o livro de contos Redemoinho (2004) e o romance As vozes do sótão (2009), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura