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No ano de 1799, o capitão americano Delano Amasa está com seu navio caça-focas ancorado na Ilha de Santa Maria, na costa sul do Chile. Certa manhã, aponta no horizonte tomado pela neblina um navio que aparenta estar em dificuldades. Delano Amasa oferece-se para ajudar e vai a bordo da nau à deriva, que descobre ser uma embarcação espanhola que levava um grande número de negros escravizados da África ao Peru. Seu capitão, Benito Cereno, que está debilitado e é sempre amparado por seu escravo Babbo, descreve as tempestades e longos períodos de calmaria que se sucederam, as doenças e falta de provisões que haviam dizimado parte da tripulação e passageiros. A sucessão de impressões inexatas que o ambiente do navio depauperado cheio de escravos provoca, assim como as variações de humor de Benito Cereno, deixam Delano Amasa intrigado. A cada momento, entre desconforto e tensão, cresce sua sensação de estranheza. Na atmosfera sombria construída com esmero por Melville, ora o capitão americano se sente ameaçado, ora se sente culpado por desconfiar de seu bom e combalido anfitrião e de tudo que o cerca. Publicado pela primeira vez em 1855, a novela é uma reconstrução ficcional do episódio que de fato ocorreu em 1805, e que foi descrito na s memórias do capitão americano Amasa Delano, publicadas em 1817.
Herman Melville nasceu em Nova York em 1819. A morte de seu pai em 1932 e a falência dos negócios da família, poucos anos depois, obrigaram-no a interromper os estudos para trabalhar, aos 15 anos. Em 1939 ele partiu como ajudante no navio St.Lawrence, rumo a Liverpool. Em 1841, parte no baleeiro Acushnet e deserta nas Ilhas Marquesas, no Pacífico, ficando algumas semanas vivendo entre os nativos. Já estabelecido em Lansingburgh, no estado de Nova York, escreve uma série romances de aventura baseados em suas viagens, incluindo Taipi (1846) e Omoo (1847), que o tornam relativamente famoso. A partir de 1851, ano da publicação de Moby Dick, obra desafiadora e de uma complexidade a que seus leitores não estavam acostumados, Melville perde prestígio e público. Desencantado com sua carreira literária, entre 1853 e 1856 escreve algumas histórias, dentre elas Bartleby, o escrevente, que são publicadas em revistas. Abandona o ofício de escritor em 1857. De 1866 a 1885 assume uma rotina de seis dias por semana de trabalho como inspetor de alfândega, em Nova York. Morre na obscuridade em 1891. A partir da década de 1920 sua obra é reavaliada, conferindo ao autor uma importância e prestígio mundial que ele não conheceu em vida.