Elisa e Rayssa se encontram neste delicado livro para desmontar uma ideia ainda tão presente em certos modos de viver contemporâneos: a de que mais seria sempre melhor. Vivendo perto das crianças, as autoras conhecem seus gestos, sabem seguir seu olhar e aprenderam com elas a manter vivas a brincadeira, a experiência e a arte em seus cotidianos. E, por isso, podem oferecer a crianças e adultos esta linda celebração do muito que mora no pouco.
As vivências relembradas neste conto acabam por compor um pequeno manifesto em favor de permanecer no agora.
Sou Elisa Lunardi, nascida em São Paulo, educadora há longos anos, mãe do Francisco e da Maria, idealizadora da Infância sem Excesso, movimento educativo que acredita ser urgente o retorno ao natural, afetivo e duradouro. Com “Só um?” faço-me agora escritora.
Para este livro,
precisei de chão, vila com casa geminada, andanças no meio da mata, ser companhia do silêncio e da lua para acreditar nos caminhos que brotam em mim. Ao desver a lógica comum do consumo, pude escutar, no um, formas mais precisas de se viver. No encontro entre raízes e frutos, histórias passadas e chegadas, esse corpo de pele e de papel se fez.
Sou Rayssa Oliveira, artista, professora e arquiteta. No último setênio, vivi um projeto viajante de mãos dadas com a arte e a paisagem, chamado Andorinha Ateliê Itinerante. Aqui, trouxe um desenho profundamente enraizado em minhas memórias cotidianas com as crianças e com o estar ao ar livre.
Para este livro,
reacordei as tintas aquarelas deixadas por meu tio Tatão e os pincéis que ganhei, recentemente, de amigos queridos. Em casa, preparei um espaço generoso para o desenho e abri brechas no tempo da semana que é tão dedicado às crianças, na escola em que sou professora de arte.