"Os Mortos" fecha o volume de histórias Dublinenses, publicado em 1914. Mary Jane mora com suas tias Julia e Kate Morkan, as três solteiras e professoras de música. As senhoritas recebem os amigos para um baile na época do Natal. Como de costume, é um sobrinho de Julia e Kate, Gabriel Conroy, quem fatia o ganso a ser servido como prato principal e quem faz o discurso agradecendo a hospitalidade das tias. Os tipos dublinenses se entrelaçam em diálogos e situações aparentemente banais: a repreensão nacionalista que Gabriel recebe de uma das convidadas, as danças, as taças de vinho, as galochas que se usa no Continente, as conversas sobre música ou sobre a neve que fazia tanto tempo não cobria a Irlanda daquela maneira. No fim da noite, Gabriel sente um renovado encantamento por sua mulher Gretta, uma silhueta que ele vê na escada a ouvir uma música tocada no salão. É quase de manhã quando vão embora, como em todos os anos. Dá-se, então, uma revelação. E sua pujança não está apenas na revelação em si, mas na reação a ela.
James Joyce, nasce em Dublin em 1882, o mais velho de dez filhos de uma família católica. Frequenta escolas jesuítas e, em 1902, muda-se para Paris para estudar medicina. Com a morte da mãe, em 1903, abandona o curso e volta para a Irlanda. Consegue emprego para lecionar, deixa o país e, em 1905, se estabelece em Trieste com Nora Barnacle, que teria forte influência em sua obra. A conturbada relação do casal dura por 37 anos, até a morte de Joyce. Moram em diversas cidades na Europa, como Zurique e Paris, vivendo sempre com muito poucos recursos. Têm dois filhos e se casam apenas em 1931. Em 1914, Joyce publica o volume de histórias Dublinenses. Após a publicação de seu primeiro romance, Um Retrato do Artista Quando Jovem, em 1916, é diagnosticado com glaucoma e sua visão se enfraquece progressivamente até o fim da vida. Seu romance seminal Ulisses, que marca uma nova era na literatura, é publicado na França por sua amiga Syvia Beach e sua pequena e mitológica livraria, a Shakespeare & Company. O livro é proibido no Reino Unido e nos Estados Unidos, onde só é liberado em 1936. Fugindo da invasão nazista da França, Joyce morre em Zurique em 1941.