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O livro traz, em edição bilíngue, português e espanhol, uma novela e três contos de um dos maiores escritores uruguaios do século XX. "As Hortensias" narra a obsessão de Horacio pela observação de bonecas chamadas Hortensias, cada vez mais parecidas com mulheres de carne e osso. Ele as expõe em vitrines e as faz personagens de histórias que inventa para elas. Em Úrsula, que era gorda feito uma vaca, o ambiente de cidade pequena serve de pano de fundo para a narração do início do relacionamento do narrador com Úrsula, a quem havia contratado para serviços domésticos. Em A mulher parecida a mim, o protagonista narra as lembranças de ter sido um cavalo, algo que fica entre o sonho e a fantasia. A árvore de mamãe, que fecha o livro, conta o caso de Eva, uma professora de matemática gorda e mandona, com o primo, violinista de cinema, alter ego, de certo modo, do autor, que foi pianista de cinema durante longos anos. Nestes contos, pequena mostra da grande versatilidade do escritor, há um componente fantástico, que se manifesta principalmente no olhar dos narradores.
Felisberto Hernández nasceu em Montevidéu em 1902. Antes de se dedicar inteiramente à literatura, foi pianista, tocando em cafés e em cinemas e compondo diversas obras. Em 1925 publica seu primeiro livro. A partir de 1942 abandona a música e volta-se totalmente à escrita. Em 1946, recebe uma bolsa do governo francês para morar em Paris, onde fica por alguns anos. Com livros publicados em diversos países e traduzidos para diversos idiomas, o autor foi admirado por escritores do porte de Juan Carlos Onetti, Julio Cortázar e Italo Calvino. Sua obra é o resultado de uma estranha e mescla de realidade e sonho, de observação irônica e fantasia poética e influenciou de forma determinante o que se conhece como realismo fantástico.
Considerado um autor de obra literária fundamental, Hernández faleceu em 1964, aos 61 anos, na cidade em que nasceu.